segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ser, crescer,...

Hoje, passando em frente ao Julinho, senti aquela vontade de voltar no tempo. Voltar a um lugar onde podíamos ser displicentes, não tínhamos preocupações, diria há uns cinco anos atrás: meu primeiro ano do ensino médio, onde descobrir um mundo novo era fantástico e instigante, e não assustador como agora. As amizades eram simples e por vezes traiçoeiras, mas isso não machucava tanto, as pessoas me viam como uma menina madura e inteligente. Gostávamos de discutir política, religião e futebol. Nossas preocupações eram com a matemática, a geografia, a turma do próximo ano, a formatura, os colegas novos, a divisão dos "grupos". Nossas ações eram espontâneas, adorávamos um debate, expor nossas ideias. Tínhamos ideais, queríamos mudar o mundo, mudar as atitudes. E tudo isso era muito simples, bastava elaborar um plano, fazer cartazes, falar alto ou apenas conversar sobre isso.
A vida era simples, éramos felizes e sabíamos. Mas queríamos mais, desejávamos crescer. E pensávamos no que poderíamos ser e fazer. E isso bastava.
Há uns dias conversava com um casal de amigos sobre nossa infância e como fomos privilegiados. É engraçado, mas a liberdade de ser adulto traz consigo tantas outras limitações.
Não durmimos quando queremos, não comemos o que queremos, não assistimos o que queremos, não brincamos e nos divertimos tanto, há outras preocupações e decisões a serem tomadas. Não sabemos se casamos ou compramos uma bicicleta. Se procuramos o par perfeito ou apenas nos divertimos, ou os dois. Não podemos calcular as projeções da vida. Não sabemos o que queremos da vida ou o que podemos esperar e mesmo assim, tomamos decisões sobre isso.
Ninguém disse que seria fácil, não é mesmo!? Mas também não explicaram que seria tão difícil, que teríamos tantas perdas, que sofreríamos, que doeria tão fundo. Afinal, isso é crescer, e é algo extremamente egoísta pois somente sozinhos podemos crescer. E é também triste, pois há os que decidem não crescer, aqueles que sempre voltam ao ponto inicial, que podem voltar às despreocupações do ensino médio, à vida tranquila da infância, ao não comprometimento, seja nos estudos, nos relacionamentos. Os que não estão preparados, estão confusos, "voltamos a viver como há dez anos atrás e a cada hora que passa envelhecemos dez semanas" (Renato Russo).
Infelizmente não há segredo ou fórmula da felicidade, mas buscamos viver ao máximo e sabemos que isso não significa apenas curtir intensamente, mas estudar, trabalhar, nos comprometer com nossas ideias. Alcançar a calma em meio ao caos, poder devanear sobre o passado, mas também encontrar uma razão para seguir em frente.
Nesse novo ano, tenho percebido em meus amigos esse crescimento mútuo, e de certa forma vejo que só estou junto por uma atitude que nos fez sofrer muito. Neste fim de mês, outro acontecimento nos fará sofrer, mas todos sabemos que os sofrimentos do presente trarão algo muito maior a todos nós.
Bom crescimento a você!

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